Gente Que Se Acha Nota de 12 Milhões (Mas Entrega Troco de 25 Centavos)
- Ricardo Couto

- 26 de nov.
- 6 min de leitura
Sabe aquele tipo de pessoa que anda por aí como se tivesse nascido com um carimbo divino na testa escrito “VIP – acesso prioritário ao coração dos trouxas”? Pois é. Elas existem. São as famosas notas de 12 milhões: raras, valiosas, exclusivas — pelo menos na cabeça delas. Na vida real? Entregam menos que promoção de loja em liquidação.
Essas criaturas luminosas — que brilham de tanta autoestima mal calibrada — vivem te tratando como segunda opção, mas com a audácia de exigir que você as trate como primeira edição autografada da própria vida.
Vamos conversar sobre esse fenômeno humano fascinante (e um pouco revoltante)?

A Arte de Ser Falso em Alta Performance
Essas pessoas são tão boas em falsidade que mereciam um Oscar, uma plaquinha de honra ao mérito, uma estátua na praça da hipocrisia ou, quem sabe, até um cargo público vitalício — qualquer premiação que reconheça o talento artístico de interpretar alguém que se importa. Porque, vamos admitir, atuar é com elas.
Elas fazem o seguinte:
Te elogiam com um sorriso tão verdadeiro quanto uma nota de três reais — aquele sorriso que nem a arcada dentária acredita.
Perguntam como você está, mas não esperam — e nem querem — a resposta. Só abriram a boca para cumprir tabela social.
Prometem mundos e fundos… mas o que entregam mesmo é um boleto emocional vencido, com juros, multa e ainda te culpam pelo atraso emocional que elas causaram.
E o mais impressionante é a mágica psicológica envolvida: conseguem te fazer sentir gratidão por esses migalhamentos afetivos premium. É como se você dissesse “muito obrigado” ao garçom que te trouxe a conta errada, comida fria, e ainda cuspiu no prato.
É o circo da reciprocidade seletiva — e você sempre entra como voluntário sem perceber. Você doa tempo, energia, atenção, presença, paciência, carinho, respiro, suporte emocional…E o que recebe como retorno?
Um lindo, encantador e inesquecível “visualizado às 15:37”.
Esse “visualizado” é quase uma obra de arte moderna: todo mundo finge que entende, ninguém sabe se significa algo, mas deixa um vazio enorme que você tenta interpretar. Talvez estavam ocupados. Talvez esqueceram. Talvez não viram. Talvez o celular caiu no oceano Atlântico, foi engolido por um golfinho e agora vive numa comunidade submarina que não permite respostas.
Ou, talvez…A reciprocidade delas só funciona quando elas precisam. Quando é você que precisa, vira “poxa, correria”, “não vi”, “foi mal”, “quem é?” ou qualquer outra desculpa que já vem pronta no menu emocional delas.
No fim, você percebe que está no picadeiro enquanto elas descansam no camarote. Você se doa, se explica, se disponibiliza…E elas fazem o quê?
Aplaudem. De longe. Quando lembram. E sem vontade.
Porque, para elas, seu esforço é entretenimento — e sua dor é só parte do espetáculo.
Você Sempre no Banco de Reserva — por “prudência emocional”
Essas notas de 12 milhões adoram te manter ali…Na prateleira. No aguardo. De stand-by emocional.
Não porque você não é bom o suficiente. Mas porque elas querem ter certeza de que, se a opção prioritária delas falhar, você ainda estará disponível — sorrindo, claro, porque é isso que a plateia faz quando o artista principal passa.
Se você some por um dia? Drama. Choro. Textão. Reclamação passiva-agressiva. “Você anda meio distante, né?”
Mas quando elas somem? Ah, aí é “falta de tempo”, “vida corrida”, “estou focando em mim”, “precisei de um momento”, “estou numa fase complicada”.
Uhum. Fase complicada = priorizando quem elas realmente querem.
O Manual da Hipocrisia Profissional
As notas de 12 milhões seguem um manual secreto de comportamento questionável — uma cartilha mística que só elas parecem ter recebido numa reunião ultrassecreta no topo de algum prédio espelhado da falsidade corporativa. Ninguém viu esse manual, mas todo mundo já sentiu seus efeitos colaterais:
Exigem lealdade incondicional. Retribuição? Só quando Júpiter alinhar com Saturno e Mercúrio estiver em modo “hoje eu vou fingir que me importo”.
Falam de energia, vibração, reciprocidade e gratidão, como se fossem gurus do Himalaia. Mas sugam a sua paz com a mesma eficiência de um aspirador industrial em Black Friday.
Tratam todo mundo como fã. Não amigos, não colegas, não seres humanos — fãs. Porque na mente delas, são celebridades subestimadas, injustiçadas, “não reconhecidas pelo sistema”.(A Globo não sabe o talento que perdeu.)
Te colocam como segunda opção, sempre. Afinal, alguém tem que esquentar o banco emocional enquanto elas escolhem a quem dar a “atenção oficial do dia”. Mas se você ousar tratá-las do mesmo jeito? Heresia! É motivo para capítulo extra na Bíblia da Vitimização.
Vivem de indiretas poéticas, preferencialmente em stories com pôr-do-sol, música triste e fonte cursiva estilo “minha verdade dói porque ilumina”. Sempre algo do tipo: “A gente dá amor e recebe migalhas… mas Deus vê tudo 🌙✨
”(Sim, elas postam isso minutos depois de recusarem sua ajuda e ignorarem sua mensagem.)
E o mais fascinante é a autoconfiança: elas realmente acreditam que o problema é o mundo — nunca o comportamento delas. Se a vida fosse um reality show, seriam aquele participante que briga com 13 pessoas e termina dizendo: “Eu não sei por que todos me perseguem.”
Conviver com uma nota de 12 milhões é quase uma experiência espiritual: você aprende na marra sobre limites, autoestima, e o preço emocional de tentar comprar autenticidade com paciência. E no fim descobre que o valor de mercado delas é alto… mas só na embalagem. Por dentro, é tudo moeda de plástico.
E você, que tenta ser genuíno, acaba como?
Confuso. Exausto. Refazendo diálogos na cabeça como se fosse advogado de si mesmo num tribunal emocional.
Questionando se fez algo errado. Se falou demais. Se falou de menos. Se demonstrou demais. Se foi frio demais. Se deu atenção demais. Se não deu atenção suficiente. Se devia ter sumido pra ver se faz falta. Se devia ter ficado mais presente pra ver se te enxergam. Se devia ter sido mais leve, mais firme, mais ocupado, mais disponível, mais isso, menos aquilo…
Um verdadeiro malabarismo emocional digno de circo — e você ali, equilibrando culpa, ansiedade e boa intenção, enquanto a outra pessoa mal consegue equilibrar um “bom dia” sem parecer um favor.
Mas a verdade é simples e cruel, do jeitinho que dói e liberta ao mesmo tempo:
O problema não é você. Nunca foi.
O problema é que algumas pessoas só sabem amar na teoria —e mesmo assim… com erro de ortografia, vírgula fora do lugar e interpretação de texto duvidosa.
São poetas do afeto inexistente. Professores do amor que nunca praticaram. Especialistas em sentimentos que jamais entregam.
Na prática? Têm a profundidade emocional de um copo plástico de festa: usam, amassam e jogam fora quando não serve mais.
E você aí, revirando suas próprias intenções, tentando achar falha onde não existe.
Respira. Reorganiza o coração. E entenda: às vezes você só tropeçou na vida de alguém que não sabe receber o que pede. Ou pior: que não sabe nem o que está pedindo.
A Grande Virada: Parar de Investir em Ações Emocionais Podres
Porque uma hora, você percebe: Essa “nota de 12 milhões” não passa de um papel colorido, mal impresso, com valor emocional fictício.
Aí o jogo vira. Você para de responder imediatamente. Para de aceitar migalha emocional como se fosse banquete. Para de segurar o pedestal para quem nunca te entregou nem uma escada.
E o melhor? Quando você se retira…Essas criaturas ficam chocadas. Como assim você ousa não ser o fã número 1? Como ousa não admirar a performance delas? Como ousa tratar como gente quem se achava patrimônio histórico?
Mas aí, meu bem… Já era.
Conclusão: Saia do Circo — Você Não É Palhaço
A verdade é que relacionamentos (todos eles) deveriam ser via de mão dupla. Sem teatro. Sem roteiro. Sem manipulação.
Se alguém insiste em te colocar como segunda opção, falsidade premium embalada em papel celofane… lembre-se: Quem oferece migalha merece distância. Quem só é gentil quando precisa, não é gentil — é estratégico. E quem acha que vale 12 milhões… normalmente não vale nem o preço do papel onde imprime a própria opinião.
Você merece reciprocidade. Você merece verdade. Você merece prioridade — na vida de quem também te prioriza.
✨ que tal um movimento para Ação (bem sarcástica, claro):
Que tal fazer um favor para si mesmo hoje? Respira fundo, pega aquela lupa emocional e identifica a sua famosa “nota de 12 milhões” — aquela pessoa que vive desfilando no tapete vermelho da própria importância, mas só aparece na sua vida quando precisa de tapete… não de você.
Agora, olhe bem para essa figura e pergunte com toda sinceridade: “Esse investimento ainda faz sentido… Ou já valorizou demais o ego alheio às minhas custas?”
Se a resposta for um tímido “não”… ou um grito interno desesperado de “PELO AMOR DE DEUS, NÃO!”…Então pronto. Não tem mistério. Não tem fórmula. Não tem drama.
Venda. Doe. Recicle. Desapegue.
Transforme esse vínculo emocional tóxico em experiência — e siga leve, elegante e emocionalmente milionário em paz. Porque, no final das contas, você não nasceu para viver de migalha emocional, nem para sustentar autoestima de quem só sabe te oferecer presença intermitente.
Faça a limpa. Seu emocional agradece. O futuro você agradece. E sua paz mental… Dá até aplausos.




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